domingo, 29 de novembro de 2015

GANDHI - A LIBERDADE PELO AMOR


 
GANDHI - A LIBERDADE PELO AMOR

Mahatma Gandhi (1869-1948) foi líder pacifista indiano. Principal personalidade da independência da Índia, então colônia britânica. Ganhou destaque na luta contra os ingleses por meio de seu projeto de não-violência. Além de sua luta pela independência da índia, também ficou conhecido por seus pensamentos e sua filosofia. Recorria a jejuns, marchas e à desobediência civil, ou seja, estimulava o não pagamento dos impostos e o boicote aos produtos ingleses. 
 
 
Mohandas Karamchand Gandhi nasceu em 2 de outubro de 1869, em Portbandar, na Índia. A família pertencia à casta bania (formada por mercadores e comerciantes) e não possuía muitos bens. O avô e o pai participaram ativamente da vida política do país, exercendo cargos ministeriais. Teve uma infância sem preocupações, livre da miséria sentida pela maioria das crianças indianas. Era um garoto comum – dedicado aos pais, introspectivo e cumpridor das tradições do hinduísmo. A mãe tinha grande influência sobre seus atos, era muito inteligente e observava as leis hindus com grande fervor. O pequeno Gandhi nutria por eles muita estima e respeito, o que lhe proporcionou um caráter exemplar, assim como a abominação pela mentira. 
 
 
Aos 13 anos, casou-se com Kasturbai Makanji, da mesma idade. Prestes a completar 18, sentia-se inclinado a estudar medicina, mas foi consenso em sua família que o pequeno Mohandas jamais poderia trabalhar com algo que o obrigasse a provocar dor em outras pessoas, mesmo que fosse para curá-las. Acabou optando, então, pela advocacia. 
 
Depois de cursar a faculdade de Direito em Londres, voltou para a Índia. O retorno à Índia mostrou-se frustrante, pois sua extrema timidez, aliada ao desconhecimento das leis indianas, o deixou inseguro. Assim, não recusou a proposta de trabalho na África do Sul – onde sofreu na pele a discriminação vivida por indianos e negros, assim como as limitações impostas pela hierarquia social daquele país.
 
Quando aceitou a proposta de representar uma empresa hindu na África do Sul, não imaginava as profundas transformações que essa viagem traria para sua vida. Na África do Sul, Gandhi sentiu, pela primeira vez, o preconceito na pele. Certa vez, em uma viagem de trem, foi convidado a se mudar para o vagão destinado a terceira classe, mesmo tendo em mãos a passagem de primeira classe – tudo por causa de sua cor. Atônito, ele se recusou a atender tal “pedido” e foi expulso do trem. 
Anos mais tarde, ele lembraria que ali nasceu um novo Gandhi. “Minha não-violência ativa começou naquele dia.” 
 
 
Com a consciência social despertada, como advogado, passou a ser conhecido por resolver casos difíceis com inigualável ética. Impelido a lutar pelos direitos de seus compatriotas, que há pouco tinham perdido o direito de voto no país africano, Gandhi decidiu permanecer ali. Fundou o Congresso hindu em 1894 e, por mais de 20 anos, brigou por essa causa. Começava aí uma trajetória de perseguições, espancamentos e ameaças de todos os tipos. Ao mesmo tempo, uma trajetória de glória e sucesso, tendo em vista o histórico projeto de reformas conquistado às custas de seus protestos. 
 
Àquela altura, Mohandas já era uma celebridade em sua terra natal. Quando voltou para lá, ao ver o sofrimento de seu povo ante as regras coloniais britânicas, passou a usar seu poder de influência sugerindo o que, até então, parecia uma ideia utópica: conquistar a independência da Índia por meios não violentos, usando apenas a crença na paz e na harmonia. 
 
 
A filosofia pacifista somada às experiências de vida no exterior contribuíram para que ele desenvolvesse um novo olhar sobre a Índia. O retorno à terra natal ocorreu ainda durante a Primeira Grande Guerra, quando sua saúde esteve fragilizada. Mesmo abatido fisicamente, Gandhi dispôs-se a conhecer os problemas dos indianos e a solucioná-los da forma mais justa possível. 
 
Terminada a primeira guerra mundial, a burguesia na Índia, desenvolveu forte movimento nacionalista, formando o Partido do Congresso Nacional Indiano, tendo como líderes Mahatma Gandhi e Jawaharlal Nahru. O programa pregava a independência total da Índia, uma confederação democrática, a igualdade política para todas as raças, religiões e classes, as reformas sócio-econômicas e administrativas e a modernização do Estado. 
 
 
Sua luta era baseada em dois conceitos básicos: satyahgraha e ahimsa. O primeiro pode ser traduzido como “desobediência civil”, o que significa que, se uma lei é injusta, não deve ser seguida. Para isso, usa-se a ahimsa, a “não-violência ativa”. Um princípio que rejeita não apenas a violência física, mas também a violência verbal, mental e emocional. Exige, inclusive, um mergulho na espiritualidade e uma vida de auto-sacrifícios, o que inclui, por exemplo, greves de fome.
 
 
Gandhi acreditava que era impossível tentar transformar a sociedade antes de transformar a si mesmo. Seguindo o hinduísmo, teve uma vida marcada pela fé: cultivava uma alimentação natural, fazia peregrinações e praticava yoga e meditação transcendental. Levantava diariamente às 2 horas da manhã para orar, vivia na pobreza e usava as mesmas roupas (uma tanga e um xale de algodão) todos os dias – possuir apenas aquilo que fosse de extrema necessidade foi uma das suas maiores bandeiras. 
Frequentemente ele afirmava que “todo aquele que possui coisas de que não precisa é um ladrão”, pois, se cada um tomasse da natureza apenas o necessário, não haveria miséria nem desigualdade. Assim, para toda a humanidade, Gandhi ensinou que é preciso prestar atenção a cada pequeno gesto do dia-a-dia para sermos capazes de resolver as grandes questões de violência mundial. 
As rivalidades entre hindus e muçulmanos retardaram o processo de independência. Com o passar do tempo, o movimento de descolonização se tornou ainda mais forte, principalmente no contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 
A Inglaterra voltava as atenções para a Europa – palco dos principais combates – e Gandhi, de acordo com seus ideais, não se aproveitou da fraqueza britânica durante este período, mesmo quando as pressões internas se tornaram cada vez maiores para que a Índia conquistasse a liberdade. 
Mahatma Gandhi destacou-se como principal personagem da luta pela independência indiana. Recorria a jejuns, marchas e a desobediência civil, incentivando o não pagamento de impostos e o não consumo de produtos ingleses. Embora usassem a violência na repressão ao movimento nacionalista da Índia, os ingleses evitavam o confronto aberto. 
Em 1922 uma greve contra o aumento de impostos reúne uma multidão que queima um posto policial e Ganghi é detido e condenado a seis anos de prisão. Em 1924 é libertado e em 1930 lidera a marcha para o mar, quando milhares de pessoas andam mais de 320 quilômetros, para protestar contra os impostos sobre o sal. 
 
A MARCHA DO SAL
 
Gandhi liderou inúmeras greves e passeatas contra a Inglaterra. Um de seus maiores desafios foi enfrentado quando os ingleses proibiram os indianos de processarem seu próprio sal e impuseram um imposto sobre a compra do produto. Gandhi liderou, então, a famosa Marcha do Sal, em direção ao mar. 
Após uma dura viagem de 28 dias, o líder indomável e a multidão que o acompanhava alcançaram o oceano. Lá, Gandhi anunciou um ataque às salinas do governo. Para impedir o ato, policiais golpearam as cabeças dos manifestantes com chicotes que possuíam ferro nas pontas. Nenhum deles ergueu sequer um braço para se defender. 
Após essa cena brutal, a opinião pública mundial passou a condenar a postura britânica. Nesse e em outros momentos, Gandhi foi levado para a prisão, mas esse não era um método eficaz para detê-lo. Uma vez que já vivia sem luxos, enxergava o cárcere apenas como uma oportunidade de leitura e reflexão. “Cadeia é cadeia para ladrões; para mim, ela é um templo”, foi uma de suas frases memoráveis. 
 

 
Todos os seus esforços culminaram na tão sonhada independência da Índia, em 1947, não sem antes ter iniciado sua 15ª greve de fome, um de seus últimos sacrifícios pessoais. Sua busca pela verdade e a não violência foram fundamentais para a emancipação política da Índia. 

 
Em 30 de janeiro de 1948, Mahatma foi assassinado a balas por um fundamentalista de sua própria religião, que o considerava um traidor do hiduísmo. Suas últimas palavras foram “oh, Deus!”, mas sua maior mensagem, segundo ele próprio, nunca esteve em palavras: “Minha mensagem é a minha vida.”
 
 
Gandhi nunca ocupou oficialmente um cargo político ou religioso, mas foi um dos líderes mais poderosos do século 20: fez de suas palavras, atos e ensinamentos eficientes armas na luta por um mundo mais pacífico. 
Com sua figura franzina e amável, o indiano Mahatma Gandhi marcou a história mundial contemporânea como um símbolo de paz. Em termos concretos, seu maior feito foi liderar a batalha para libertar seu país da dominação britânica, que durou mais de 200 anos. Antes dele, o movimento para a independência do país era marcado por conflitos armados, mas, convencido de que enfrentar o ódio e a violência utilizando os mesmos artifícios equivale a igualar-se ao inimigo, Gandhi propôs um movimento com base na verdade e no amor, seguindo o princípio da não-violência. 
Seu poder de influência atingiu em cheio milhões de indianos miseráveis e injustiçados, que encontraram na sua figura a ponta de esperança há muito perdida, passando a venerá-lo e chamá-lo de Mahatma, que significa “grande alma”. Mais que isso: Gandhi inspirou os maiores pacifistas do nosso tempo, criando um meio alternativo de solução de conflitos – o diálogo. 
 
 
Hoje, a influência de Gandhi está intimamente ligada com a espiritualidade e ultrapassa fronteiras de todo o mundo, fazendo com que pessoas das mais diferentes raças e religiões concordem que esse pequeno homem – de pouco mais de um 1,60 metro de altura – foi um dos maiores apóstolos da paz que a humanidade já conheceu. As idéias de Gandhi, entretanto, não morreram. Estão perpetuadas, entre outras obras, em Autobiografia: Minha vida e minhas experiências com a verdade e nos pensamentos de A roca e o calmo pensar. Embora ambos os livros não analisem a independência da Índia em si, por terem sido escritos antes de sua efetivação, a partir dos registros do Mahatma Gandhi é possível perceber como a filosofia da não-violência tornou-se sua principal bandeira política. Ao demonstrar como dirigiu a vida em busca do engrandecimento espiritual, destacou-se, sobretudo, como um grande homem e não como uma figura mitológica. 
 
 
Sobre a Revolução Não Violenta de Mahatma Gandhi
 
" Gandhi continua o que o Buddha começou. Em Buddha o espírito é o jogo do amor isto é, a tarefa de criar condições espirituais diferentes no mundo; Gandhi dedica-se a transformar as condições existenciais" (Albert Schweitzer) 
 
" Não violência é a lei de nossa espécie, assim como a violência é a lei do bruto. O espírito, dormente no bruto, não sabe nenhuma lei que não a do poder físico. A dignidade de homem requer obediência a uma lei mais alta - a força do espírito ". (Mahatma Gandhi)
 
" Se o homem perceber que é desumano obedecer a leis que são injustas, a tirania de nenhum homem o escravizará". (Mahatma Gandhi) "Não pode haver nenhuma paz interior sem o verdadeiro conhecimento ". (Mahatma Gandhi) 
 
"Para a autodefesa, eu restabeleceria a cultura espiritual. A melhor autodefesa, e a mais duradoura, é a autopurificação ". (Mahatma Gandhi)

Mahatma  Gandhi : Discurso "Não Violência"