quinta-feira, 19 de junho de 2014

INICIAÇÃO AO ZEN:






Zen é uma abreviatura de zenna, tradução da palavra sânscrita dhyana, em chinês tch'anna, que significa concentração mental, ou meditação sem objetivo intelectual.
O Zen nasce na Índia no século VI d.C e chega ao Japão por meio da China e da Coréia, nos séculos XII e XIII de nossa era.



O Zen foi introduzido na atualidade na Europa e na América por meio de diversas escolas. No Japão, são bastante relevantes os ensinamentos de Dogen.
Digamos inicialmente o Zen não é uma teologia, é uma religião cujo objetivo é o homem.


Devemos considerar o Zen um método, uma autodisciplina - embora seus adeptos o considerem uma religião - porque não possui textos sagrados cujos termos tenham força de lei, nem regras fixas, nem dogmas rígidos.
O Zen não se refere a nenhum salvador, a nenhum ser divino. O Zen é uma escola do budismo formada na China do encontro da doutrina mahayana com o taoísmo desenvolvido no Japão.
Foi o mestre indiano Bodhidharma quem fundou o Zen na China no século VI d.C. No Japão as práticas Zen do Eisai e Dogen implantaram duas tradições distintas, o rinzai e o soto.


O Zen trabalha com a meditação sobre a indagação da psique. Para o Zen, o mundo não é pura ilusão, tampouco é uma realidade absoluta.O Objetivo do Zen é procurar um alto grau de conhecimento de si mesmo que termina na paz interior. O Zen é não conceitual, não intelectual, prega estar focado no presente, não estar nem no passado nem no futuro.


"O milagre é que o Zen não se interessa pelo passado nem pelo futuro.
O Zen vive o presente. Todo o seu ensinamento é baseado em estar enraizado, concentrado no que...é"
Osho








O Zen é o ser vazio, é buscar na natureza das coisas, mas sem nenhuma idéia, preconceito ou presunção, já que é preciso aliviar a mente daquilo que nos embutiram e que nos condicionou a ver, o mundo de uma determinada forma, a pensar como pensamos e a criar uma série de valores e crenças que, na maioria dos casos, são falsas.




Vejamos alguns conceitos que nos apontam o Zen.

Para o Zen o mundo é uno, nada está separado.
O Zen não impõe códigos, não diz faça isso ou aquilo.
O Zen é silêncio, já que no momento em que nos perdemos no mundo das palavras começamos a nos desviar e a nos afastar da existência.
O Zen é um enfoque não teórico da realidade.
O Zen não tem doutrina nem dogma, nem igreja nem sacerdote.
O Zem tem apenas mestres cuja função é ensinar o discípulo a desaprender.
O Zen não é uma desaprendizagem; ainda que ensine como se desfazer do que se aprendeu, ensina a estar aqui sem nenhuma mente envolvida.
No Zen, não é preciso fazer nada, só precisamos Ser.
O Zen aponta com todas as suas práticas vivenciais a iluminação súbita.



"Se abrirmos as mãos podemos possuir tudo.
Se estamos vazios, podemos conter o Universo inteiro."
Dito da escola Zen


Viver aqui e agora



Para o Zen, chegar à verdade é viver a realidade. Hoje temos um saber sobre uma realidade, mas nos mantemos longe dessa realidade. Por isso o primeiro passo no método Zen é a negação do "eu" como realidade fundamental da pessoa humana e seu destino.
Pode-se afirmar que o Zen não persegue a busca do Absoluto último ( Deus), mas sim, simplesmente, o encontro com a realidade fundamental de Si mesmo.
Por isso, o Zen se converte em uma experiência, uma experiência pessoal, intransferível. A idéia-chave da prática do Zen é o "aqui-agora". Essa chave nos faz voltar às origens, compreender a nós mesmos e nos conhecer em profundidade.
Ser e estar sempre no que se está é o espírito do Zen. É se concentrar em cada instante da vida cotidiana, não pensar no passado, nem imaginar o futuro. Mesmo estes pensamentos, quando ocorrerem, partem sempre da total perspectiva do momento presente, e para ele retornam.


Concentrar-se é um objetivo do Zen, assim como ter consciência de que estamos aqui, de que não somos máquinas. Concentrar-se e ter consciência é libertar-se de uma multidão de coisas inúteis. A realidade é que os problemas que nos preocupam não têm a importância que lhes damos. Diante da morte, o que mais há de importante?


"O budismo Zen não consiste em utilizar seu intelecto discursivo para governar o corpo. Consiste em utilizar exclusivamente o momento imediato, presente, em não desperdiçá-lo" Mestre Zen


Destacaremos que a trilha de autorealização sem dependências foi definido como uma transmissão especial fora das escrituras, não aprendida por palavras ou cartas, uma trilha que aponta diretamente ao coração do homem, que olha para a natureza própria de cada um, para desse modo finalmente alcançar a budeidade, a realização da consciência Búdica.




A consciência da Unicidade, ou consciência Búdica manifesta a compaixão por todos os seres, pois todas as formas são manifestação da pura e mesma consciência, não havendo diferenças, nem contrastes nem qualquer competição.

A meditação Zen



A meditação Zen tem como objetivo ir além da mente, isto é, além dos pensamentos, alcançar-se a consciência que tudo cria, que tudo observa, a nossa natureza original silenciosa, pacífica, intuitiva, a nossa realidade última.
A meditação Zen pretende relembrar o conhecimento intuitivo e absoluto, além dos esquemas mentais, e dissolver o ilusório "eu" ( que se acredita ser uma unidade isolada do Todo da existência ) dissolvendo-o no Universo experimentando um sentimento de unidade cósmica, paz e felicidade.


"Quando você chegar pela primeira vez a seu mundo meditativo,
todos os centros ficam no mundo.
A razão se aquieta e não há palavras que se agitem:
o coração sossega e você já não é turvado pelas emoções"
Osho




O Ponto culminante da meditação é conhecido como Satori, que equivale à iluminação, uma experiência intraduzível de conhecimento, que coincide com a percepção da verdade última, da budeidade inerente a nós mesmos. Ao alcançar o satori, chega-se a uma experiência pessoal e intransferível, na qual o participante se transforma em um todo com o Universo.

A escola Soto é baseada no Zazen, a meditação do silêncio. A prática do Zazen é a expressão direta da verdadeira natureza. Seu segredo consiste em sentar-se sem motivo nem espírito oportuno e apenas observar os pensamentos passarem, sem controlá-los, ou reprimi-los. Busca-se uma profunda auto-observação a nível de respiração, postura, tensões, e busca-se com isso estar absolutamente presente, sem nenhum tipo de distração ou dispersão. O aqui-agora é a chave da meditação Zazen, compreendendo a si mesmo, conhecendo-se profundamente e encontrando-se o verdadeiro Eu.



A meditação Zen requer uma postura sentada, onde se utiliza um zafu, uma almofada redonda, e colocará as pernas cruzadas em lótus. Nessa postura os pés pressionam cada coxa nas zonas em que se encontram pontos importantes de acupuntura correspondentes aos meridianos do fígado, da vesícula biliar e dos rins.


A coluna vertebral deve estar curvada na altura da quinta vértebra lombar, a nuca levantada, o ventre encolhido e o rosto voltado para frente, com a face relaxada. Os punhos permanecem fechados apertando os polegares e as mãos devem ser colocadas sobre as coxas perto dos joelhos. A ponta da língua deve tocar o céu da boca e o olhar fica relaxado entreaberto. A postura será acompanhada de uma respiração lenta e poderosa. Os discípulos devem se concentrar em uma expiração longa, profunda e imperceptível; a inspiração é realizada naturalmente. O ar é exalado lenta e silenciosamente, com o estímulo da pressão do baixo ventre. Leia aqui sobre o Zen na Prática diária

Um exercício simples de Meditação Zen


A seguir, veremos um exercício de meditação Zen que pode ser praticado com a postura detalhada anteriormente. Trata-se de um exercício sintetizado extraído do Mahamudra Tibetano, O Livro Tibetano da Grande Libertação, da tradição Zen. Esse exercício tem uma duração aproximada de dez minutos, embora constitua a essência de um retiro de meditação de um mês.


O discípulo deve sentar-se confortávelmente com os pés sobre o chão e fechar os olhos com suavidade.
Deve começar de modo que a atenção percorra o corpo observando se há zonas tensas ou contraídas.
Em seguida, deverá soltar o abdome, a parte baixa das costas.
Também deixará que as mãos relaxem.
Depois procederá a escutar todos os sons que o rodeiam.
Ao mesmo tempo em que escuta os sons, imaginará que sua mente se expande de modo que já não está em sua cabeça, nem em seu corpo, mas que se volta tão grande como o espaço em que se encontra.
Agora os sons estão contidos no espaço da sua mente.
Sua mente se abrirá como um céu. Os sons se encontram contidos nesse espaço.
Olhará diretamente para a mente que está aberta, clara e silenciosa.
Nesse clima interior, os sons vem e vão, mas a mente é um espaço imóvel, amplo, ilimitado, vazio.
Nada se encontra fora desse espaço.
Agora imagina que o corpo também está neste espaço.
Ele o sentirá, mas não é sólido, são pontos e zonas de sensação que faltam nesse espaço.
Há uma consciência clara da qual surgem todas as coisas.
Seu pensamento e suas imagens são como sons; surgem, mudam e desaparecem.
É preciso tomar consciência disso, percebendo a verdadeira natureza do pensamento.
Deixará que os pensamentos e as imagens surjam e desapareçam e que a mente permaneça inalterada, ilimitada, não composta de coisas.
Agora imaginará, no espaço claro e vazio da mente, a figura de uma pessoa a quem ame.
Deixará que o sentimento amoroso cresça nele até que comece a encher o espaço. Perceberá que existe um desejo do coração abrir-se e encher-se de amor.
Agora imaginará a figura de outra pessoa da qual também ame muito.
Deixará que os sentimentos e a experiência de amor cresçam no espaço, de modo que tudo fique inundado por esse afeto amoroso.
É preciso deixar que o afeto amoroso cresça até que toque todas as pessoas que o rodeiam inclusive desconhecidos, e também o lugar onde estamos, o país, o planeta inteiro. Assim estará envolvendo o planeta de amor, pensamentos e sentimentos de afeto.
Por fim deixará que os olhos se abram suavemente e a atenção regresse.



Leia mais sobre a prática do Zen aqui


Uma breve introdução à prática do Koan



Um Koan é uma espécie de problema que o mestre formula a seus discípulos para que o resolvam. O Koan assume uma fórmula didática dentro de uma pergunta que absolutamente não tem sentido. São desafios aprendidos pelo mestre, que podem ser considerados "absurdos".


No entanto, por mais absurdo que possam ser, é preciso considerar que é apenas nosso hábito de conceitualização o que nos impede de enfrentar a realidade última. Essas apresentações absurdas dos mestres têm muitos significados e servem para levantar o véu que nos submerge a estados de relatividade.


Vemos que o Koan é uma espécie de incoerência, uma contradição cuja resposta se encontra além do racional, do sujeito e do objeto, da causa e do efeito. Para os mestres do Zen, só quando o espírito esgotou todos todos os recursos, após uma meditação que pode durar semanas ou meses, o discípulo abandona todo esforço e relaxa na busca.


Quando expomos nossas ideias lógicas como resposta a um Koan, equivocamo-nos. O Zen não é dialético nem intelectual, é algo que vai além da lógica das coisas, a um lugar no qual está "a verdade que liberta".












O Zen incita a racionalizar para nos fazer ver a inutilidade da tentativa.
O Zen sabe até onde pode nos fazer chegar, e só chegamos a entender essa tentativa quando estamos num ponto sem saída.


A intelectualização, o raciocínio, a lógica ou as conceituações só são necessárias para compreender nossas próprias limitações.
O Koan pretende nos fazer compreender esse fato, isto é, o quão a mente é limitada e se baseia em referências passadas, aprendidas.
Por isso, nunca devemos fazer do Koan um objeto intelectual.


O Zen nos convida a nos identificar com o Koan, de forma que não somos nós e sim o Koan.
Quando chegamos a um ponto assim, o Koan é resolvido.





Vejam alguns Koans que são utilizados no Zen:

Quando vocês tiverem um cajado, eu lhe darei um; quando não tiverem nenhum, eu lhes tomarei o cajado.
De onde vocês vêm? Para onde vão?
Mostre-me a face original que você teve antes de nascer.
Deixe-me ouvir o som de uma mão batendo palmas.
Utilize a espada que você tem nas mãos vazias.
Fale sem usar a língua.
Toque o alaúde sem cordas.
" A prática do Zazen é a expressão direta
de nossa verdadeira natureza"
Suzuki Roshi





Texto extraído do livro
"Além de Osho, As chaves de
seus Best-Sellers"
de Jorge Blaschke
Visitem o site da Monja Coen
Aqui alguns posts interessantes sobre o Zen


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